sábado, 6 de outubro de 2012
Outra dimensão
Sábado, 7h53
Um casal de mendigos parados no meio da rua, abraçados pelo pescoço.
Vestes escuras, mas não negras. Azul-marinho. Na frente dele está
um carrinho de supermercado com talvez
dez objetos pequenos. Ele não segura o carrinho, eles estão abraçados
até o pescoço,
expressão sofrida. Enlace longo, coisa séria.
Permanecem imóveis, sem intenções de se soltarem
até sumirem do meu retrovisor - a rua era comprida. De longe,
ele, ela, o carrinho
eram uma coisa só: a mais sagrada.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Ostra
Uma ostra desperolada disforme: se ela está viva, contorce-se milimetricamente quando pingam o limão nela: cada gota uma dor agonizante: suas partes corroídas cozinhando. O limão é a realidade. Quando a ostra abre a casca ou quando a invadem, ela está vulnerável ao limão: cairá sobre ela como chuva apocalíptica: justo ela, a ostra eremita que tentava, em sua solidão bruta e primitiva, formar secretamente e isolada do mundo uma pérola.
Assinar:
Postagens (Atom)