quarta-feira, 27 de novembro de 2013

7 anos atrás eu recebia a maior bênção e a maior danação

Eis o surgimento da coisa. Este texto é de 21 de dezembro de 2006 e pode ser encontrado em www.undertow.blogger.com.br. De quando senti que vinha isso. E tudo aquilo que veio mesmo. E desde então... mas agora...

Vômito 

Perigo. Uma mudança de obsessões tão rápida que me faz concluir que preciso, de fato, sofrer e ainda deixar o coração acusar alguém, cuja imagem elevo a um patamar utópico capaz de decidir meus dias pelo sorriso ou pelas lágrimas - estas, de certo, mais freqüentes, uma vez que esse sentimento onipotente de mim não pode ser correspondido por um simples e único motivo: não é. Não ser retira todas as possibilidades de o sonho mudar de plano, sendo ele sonho, por natureza - ao mesmo tempo há uma mistura de esperança com conformismo: aconchego-me a gostar e chego a gostar de gostar, ainda que saiba ser sonho e sempre sonho, e com isso eu acho que talvez haja a possibilidade de eventualmente eu poder conseguir lidar, após toda essa enrolação insegura de palavras; mas digo isso por me julgar já sabida em manter o sonho no plano do sonho querendo e não podendo mudá-lo por simplesmente ser (sonho) por natureza. Tão natural como perigoso, tão instintivo quanto ficar próxima ao perigo de propósito, sendo eu tão paradoxalmente frágil - de uma fragilidade felizmente estática, pois, se dinamizada, o perigo chega tão perto que me absorve, ou por mim é absorvido, ou nos absorvemos mutuamente e nos fundimos numa coisa só que me torna a agressora e a agredida, a vítima da própria culpa - mas, sendo eu estaticamente frágil, pareço gostar do perigo e querer chegar ao instante da quase-absorção-mútua, ao limite entre a gota que se segura, e a que se desprende. (Respiro). Abro meu peito, entrego-lhe o coração, mas Lhe não o quer e o coração pulou para o chão num ato suicida inconseqüente e até involuntário já que caiu porque bateu forte demais sem algum abraço que o segurasse forte, apertasse forte, não a ponto de sufocar pois ainda respiro, mas carinhosamente forte do jeito que só aquele cujos braços poderiam me segurar me segurariam, se o quisessem, se o sonho não fosse por natureza sonho. No entanto, essa imagem do meu coração pulando independentemente vivo me parece nojenta - e eu nem a enxergo com os olhos para acusá-la de minha náusea diária ou justificar meu desconforto de ter uma esperança mínima que seja e dó da minha própria solidão de um ele só. 
Poucas horas de sua ausência e há ainda um mês de coma. 
"Fica tranqüila." 

Vivi - 1:16 AM - 21 de dezembro de 2006