segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sounds of Innocence + zolpidem

O que escrevi ano passado sobre o cd Sounds of Innocence do Kiko, quando o ouvi pela primeira vez, e depois de ter tomado o hipnótico.


1-      Acordo no ocaso

2-      chovem pedras caem em fusas sincopadas. a guitarra, nos solos tenta se desenterrar das pedras

3-      Então encontrei a paz mas ela foi partida por um tiro (0:41), pessoas correm para lados aleatórios gritando, uma frase brinca com a outra, uma vence. Então há nova suposta paz mas uma ditadura tensa da vencedora, agora vilã. Enquanto isso ergue-se seu castelo cinegraficamente 3:49 , o solo volta rindo sua risada imperial (04:09) e depois dita as leis cercado por seu exército de riffs powerchordicos.

4-      Soluço, beber muita água 0:10, soluço, uma pessoa reclamando do soluço ouvir de ponta cabeça um computador mais sede e cuspir a água

5-      Armadilha. serpente dançando ou avançando rápido. Eles brigam, o caçador, que é o solo, e a serpente, e a bateria/ 3:20 a serpente fala na língua dela, mas em 3:40 o caçador a arremata forte e orgulhoso. agora com a serpente morta enrolada em seu pescoço e assim vai descansar.

6-      Alguns bends incomodam o refrão albinonístico me dá paz barroca. Essa alegria triste ainda vira samba triste. Tenta ter paz mas é uma paz triste, coitado, os bends balançando alguns voltam pro mesmo lugar outros gritam. 3:50 Ele diz “Então tá, a felicidade é isso”.

7-      Dentro de uma indústria, ouço as máquinas a pressa, a urgência tirânica dos agudos mandantes, todos obedecem sincronizados. Isso funciona. Depois só a fumacinha saindo do tubo da fábrica.

8-      Teimosia vício, essa obcessão em dar os mesmos passos, é preciso pensar para onde você está 01:29-01:35 indo, indo, indo. O tempo todo essa necessidade de ter uma âncora, porto seguro, os pés na areia estão enterrados, você pensa nas possibilidades frustradas mas não quer desenterrar os pés. Enterra-os ainda mais em ato de teimosia. Indígenas aplaudem, isso foi um ritual.

9-      Esses bends que me levam pro mesmo lugar, tudo parece só um pensamento, de satisfação, trilha sonora da conquista. Questionamento de mérito, inseguro então, mas se defende: tem mérito. Volta mais radiante ainda pulando cordas nos dois sentidos.

10-   Agora que chegamos tão longe eu não sei o que fazer. O fim é uma opção. Agora que nada é como antes, como continuar, se agora tem tudo isso pequenas notas agudas. Agora que o chão de piano treme 1:51 sobre nossos pés como continuar 2:14 com esperanças desesperadas 2:36 que falham, 2:42 que falham que falham toda vez 2:57


Vivian, 19/06/2012

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

7 anos atrás eu recebia a maior bênção e a maior danação

Eis o surgimento da coisa. Este texto é de 21 de dezembro de 2006 e pode ser encontrado em www.undertow.blogger.com.br. De quando senti que vinha isso. E tudo aquilo que veio mesmo. E desde então... mas agora...

Vômito 

Perigo. Uma mudança de obsessões tão rápida que me faz concluir que preciso, de fato, sofrer e ainda deixar o coração acusar alguém, cuja imagem elevo a um patamar utópico capaz de decidir meus dias pelo sorriso ou pelas lágrimas - estas, de certo, mais freqüentes, uma vez que esse sentimento onipotente de mim não pode ser correspondido por um simples e único motivo: não é. Não ser retira todas as possibilidades de o sonho mudar de plano, sendo ele sonho, por natureza - ao mesmo tempo há uma mistura de esperança com conformismo: aconchego-me a gostar e chego a gostar de gostar, ainda que saiba ser sonho e sempre sonho, e com isso eu acho que talvez haja a possibilidade de eventualmente eu poder conseguir lidar, após toda essa enrolação insegura de palavras; mas digo isso por me julgar já sabida em manter o sonho no plano do sonho querendo e não podendo mudá-lo por simplesmente ser (sonho) por natureza. Tão natural como perigoso, tão instintivo quanto ficar próxima ao perigo de propósito, sendo eu tão paradoxalmente frágil - de uma fragilidade felizmente estática, pois, se dinamizada, o perigo chega tão perto que me absorve, ou por mim é absorvido, ou nos absorvemos mutuamente e nos fundimos numa coisa só que me torna a agressora e a agredida, a vítima da própria culpa - mas, sendo eu estaticamente frágil, pareço gostar do perigo e querer chegar ao instante da quase-absorção-mútua, ao limite entre a gota que se segura, e a que se desprende. (Respiro). Abro meu peito, entrego-lhe o coração, mas Lhe não o quer e o coração pulou para o chão num ato suicida inconseqüente e até involuntário já que caiu porque bateu forte demais sem algum abraço que o segurasse forte, apertasse forte, não a ponto de sufocar pois ainda respiro, mas carinhosamente forte do jeito que só aquele cujos braços poderiam me segurar me segurariam, se o quisessem, se o sonho não fosse por natureza sonho. No entanto, essa imagem do meu coração pulando independentemente vivo me parece nojenta - e eu nem a enxergo com os olhos para acusá-la de minha náusea diária ou justificar meu desconforto de ter uma esperança mínima que seja e dó da minha própria solidão de um ele só. 
Poucas horas de sua ausência e há ainda um mês de coma. 
"Fica tranqüila." 

Vivi - 1:16 AM - 21 de dezembro de 2006

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ruína

Sonho que flutuo sobre as ruínas do que seria a catedral de Notre Dame, praticamente irreconhecível, não fossem as bases das duas torres. Em seguida, vou a um pub onde pessoas amigas passam mão a mão uma tocha em forma de trapézio, com pequenas janelas de onde também saía fogo. Tenho medo de que elas se queimem, contudo parecem despreocupadas. Com indiferença, ou excesso de segurança, talvez representando uma inconsequência frente a um perigo iminente, sem medo da catástrofe, ou até com um desprezo do desastre, aparente superação da ruína.